Saldo do Pan: nem tão céu, nem tão inferno

isa     Isaquias Queiroz deixou concorrentes e chegará no Rio como candidato ao ouro (crédito: Divulgação)

Quem acompanha um pouco o mundo esportivo, sabe bem que os Jogos Pan-Americanos não possuem o mesmo nível de uma Olimpíada. Países como EUA e Canadá não
levam suas principais equipes em boa parte das modalidades, como a natação. E mesmo assim, superam os rivais na maioria das provas. Consequência do forte trabalho de base que fazem, desde o período escolar.

Apesar da terceira posição conquistada pelo Brasil com 41 ouros, é preciso ter cautela na hora de fazer a comparação com um bom rendimento em Jogos Olímpicos. A meta de ficar em terceiro lugar no quadro de medalhas no Pan foi atingida e ficamos à frente de Cuba pela primeira vez em 48 anos, dois fatos que não podem ser ignorados. Um trabalho sério está sendo feito pelo COB e é preciso enaltecer quando resultados positivos aparecem.

Alguns podem duvidar da forma como isso acontece, com a presença de jogadores naturalizados que acabam fazendo a diferença no resultado final nas quadras ou
piscinas. Na minha opinião, não vejo essa atitude como correta, até pela pouco relação que parte destes atletas possui com o Brasil. Não será a mesma coisa conseguir ficar entre os top 10 no Rio 2016 com medalhas vindas de esportes onde metade do grupo é nascido fora do Brasil. Mas isso é um outro assunto.

Da mesma forma que o resultado do Pan não merece ser colocado no maior patamar possível, também não podemos desmerecer o mérito de quem lá esteve e fez tudo
o que podia para fazer bonito. Deu gosto ver a alegria dos jogadores do handebol masculino comemorando o ouro sobre a Argentina. Ficou claro que os caras
deixaram tudo o que podiam e o lugar mais alto do pódio foi merecido.

O Pan também serviu para apresentar nomes de modalidades que não possuem grande representatividade no cenário nacional. Exemplos vieram no caraté, com Douglas Brose e Valeria Kumikazi e no tiro esportivo com Felipe Wu. Quem sabe alguns deles não nos surpreendem ano que vem, dentro de casa? O resultado do Pan pode ser um bom indício de um futuro próximo.

Além disso, um outro saldo da competição em Toronto foi a motivação extra para atletas que foram bem, no ano que antecede a Olimpíada. A canoísta Ana Sátila
parte para sua segunda Olimpíada com apenas 20 anos. No Canadá, ela levou um ouro e uma prata. Isaquías Queiroz confirmou o bom momento e saiu de lá com dois
ouros, reafirmando seu nome entre os principais do mundo na modalidade.

Ano que vem, veremos de verdade qual foi o saldo do Pan. Apesar de achar que a competição serve como uma boa preparação para a grande maioria dos atletas, o
nível será outro no Rio de Janeiro e precisaremos de muito trabalho para garantir a presença no top 10 do quadro de medalhas. Não nos iludamos com os bons
resultados no Pan, mas também não ignoremos as conquistas que vieram e que poderão se repetir em breve.

Levantamento feito e publicado nesta segunda-feira por mim, no Jornal O Tempo, mostra que dos ouros obtidos pelo Brasil, somente três deles colocariam o país no pódio, caso os mesmos desempenhos fossem obtidos em Londres 2012. Algo que nos fez refletir e ver a real diferença entre as maiores competições esportivas do mundo.

Sobre Daniel Ottoni

Desde 2011, repórter de esportes especializados do jornal O Tempo, de Belo Horizonte. Fale comigo no d.ottoni@gmail.com
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